sábado, 24 de janeiro de 2009

Nem tudo é futebol na vida

Nem tudo é futebol e flores na vida. Em recente viagem à Guayaramérim, na Bolívia, pude acompanhar um pouco mais de perto uma crise institucional naquele país e que pode acarretar a divisão geopolítica da nação boliviana em duas nações antagônicas de Cambas e Collas (grupos raciais majoritários daquela região). Para o Brasil a situação na Bolívia gera expectativa. Até o momento o governo Lula tenta, diplomaticamente, resolver seus negócios com a turma do Presidente Evo Morales que reviu tratados econômicos respeito à exploração de gás pela Petrobras.

Parece que até o momento a queda de braço está sendo vencida pela boa vontade de Brasília. Evo Morales retrocedeu e concedeu algumas vantagens. Talvez até porque se sinta acuado diante da crise interna que ameaça de desintegração da Bolívia. Por outro lado o governo Brasileiro está aproveitando a brecha, e conversa com os dois lados. Mesmo que a conversa entre eles e os bolivianos que querem autonomia seja entre quatro paredes.


La Media Luna


“La Media Luna”, nome bastante poético dado para a suposta região que engloba quatro “departamentos”, Beni, Pando, Santa Cruz e Tarija, que, segundo partidários do presidente Evo Morales querem se separar do país Bolívia. Por outro lado em discurso aberto, as lideranças que representam os estados da chamada Media Luna, alegam que só querem a independência administrativa, e garantir autonomia econômica e política, contra o que chamam de centralismo histórico comandado desde La Paz, na capital da nação boliviana.

Na surdina a idéia de separatismo entusiasma muitos setores, principalmente da ala radical, focalizada em Santa Cruz, agora, o principal pólo econômico do país. A luta entre Cambas e Collas, antes folclórica, se acirra, e parece recrudescer nos últimos dias. Ambos os grupos raciais trocam farpas pelos meios de comunicação.

De um lado os Cambas (Beni, Santa Cruz e Pando), não aceitam a maioria colla no Poder atual. Com o desenvolvimento econômico de Santa Cruz, parece que os Cambas perceberam que não seria má idéia se separar da região ocidental da Bolívia. A intolerância é a palavra de ordem maior. Os Cambas se viram encurralados por uma serie de medidas do atual presidente. Entres estas as mais contestadas são a impossibilidade de poder comercializar o petróleo do solo em Santa Cruz sem ingerência do governo central, e a uma reestruturação agrária que tenta nacionalizar as terras produtivas e improdutivas em todo o país.

Do outro lado os Collas, que querem manter a unidade do país a qualquer custo. Mas não querem rifar a quotas de poder garantidas no último sufrágio. Ou seja, querem manter a maioria absoluta e modificar a Constituição Boliviana de acordo com seus interesses e o que lhes parece melhor para o que chamam de nação unitária pulriétnica e cultural.

A preocupação do governo Morales é obvia. Até no ultimo sexta-feira, o chamado “cabildo do millón” reunião popular na capital camba (Sanat Cruz) tudo poderia acontecer. Se temia até um conflito armado entre partidários evistas e gente dos chamados governos autonômicos. No entanto, pelo menos até o momento o tempo e de trégua e de uma paz expectante.

Os representantes cambas este sábado apresentaram algumas petições e orientações para a elaboração da Nova Carta Magna. No entanto, os congressistas oficialistas estão querendo vetar essa ação que manifestam ser uma intromissão que fere a constituinte. Contudo não descartaram que poderão aferir dentro da Nova Constituição alguns pontos das assembléias autonômicas e que são minoria no parlamento boliviano.

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Quem sou eu

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Jornalista, formado em Comunicação Social e pós-graduado em Jornalismo e Mídia.Atual Editor do Site Rondonoticias. Escreve a Coluna Esportiva "Na Marca da Cal" no mesmo site e é membro fundador e ativista da Academia Rondoniense de Poetas - ACARP.