segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Navegando na Rede de Internet

Navegando na Rede de Internet, eis que hoje me deparei com o texto de Luis Roberto Alves um dos membros da ALAIC - Associação Latino Americana de Investigadores da Comunicação - e por suposto, um dos destacados cientistas desta área, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Brasil falando do colega, o maestro, Marcelo Guardia Crespo, que em bom tempo foi o meu tutor que ajudou-me na defesa de minha tese de licenciatura. Confesso que me senti muito orgulho de ler sobre meu mestre. Leia:

Um lugar para ver o campo de forças das culturas bolivianas - Por Luiz Roberto Alves


Um trabalho sobre a música do povo boliviano que permite penetrar no coração dos conflitos em torno das culturas e do modo de produzir comunicação na Bolívia. Este é o legado da obra de Marcelo Guardia Crespo, agora em segunda edição. Tive oportunidade de orientar sua criação quando texto acadêmico, apresentado ao final do curso de mestrado em comunicação social do então Instituto Metodista de Ensino Superior, hoje Universidade Metodista de São
Paulo. Ali começava o meu conhecimento sobre a música andina, que respirava na pesquisa do Marcelo buscando dar respostas a problemas candentes de comunicação social e conflitos de interpretação vistos e vividos pela sociedade boliviana. O autor, tendo em mãos a matéria musical posta na corrente do uso popular, sabia desde o início da pesquisa que teria de enfrentar questões antigas e sérias: os sentidos da recepção pública, os conflitos em torno da pureza e da impureza do tratamento musical e seu uso, os valores sócio-políticos imbricados nas novas modalidades da música de extração andina e popular.
De qualquer modo, não temeu posicionar-se. Na reflexão histórica pôde fazer ver a inconseqüência de se defender a pureza da música tradicional no contexto das enormes mudanças sociais, visto que o rosto da música reflete a condição humana no seu próprio movimento social. Na medida em que tivemos de conviver por séculos com o processo de colonização, temos de encarar a sua força e sua penetração cultural em toda a produção
cultural. Ademais, folclore defendido é folclore morto. Música posta na corrente da vida concreta das populações será sinal dos seus modos de produção cultural na sociedade real, possível.
Já na análise dos festivais e do projeto musical dos Kjarkas o professor Guardia Crespo viu a presença e a ausência, a mescla e o espírito das culturas bolivianas. Viu as mudanças e as adaptações, mas também as diferenças entre o espetáculo massivo produzido e os ritmos da vida que tangem a música popular boliviana. Passado e presente se reordenam e talvez nem se hibridizem, mas produzem antenas para a melhor compreensão dos nossos encontros e desencontros culturais, que também são políticos. O autor nota bem essa realidade no painel das interpretações conhecidas do fenômeno musical boliviano, cuja presença, ela mesma, já mostra os conflitos culturais.
Por isso, esclarece em sua conclusão: "Así como acontece com todas Las manifestaciones del campo cultural, la música en Bolivia puede verse como un espejo de relaciones que, en níveles económicos y politicos, ocurren en el país. Toda la diversidad de producciones musicales, vinculadas o no al mercado, muestran lo que está pasando con los grupos sociales en su lucha
por conquistar espacios en la sociedad".

Aproximar-se do livro de Marcelo Guardia é acercar-se dos projetos comunicacionais e culturais bolivianos, quer seu amálgama histórico, quer seu conflito de interpretações e sua fruição. Aproximarse também do momento político do país, entendido como um campo de forças em que
direitos históricos, negações, desejos e necessidades se traduzem no jogo simbólico das culturas postas em dúvida, mas ativas em seu projeto de afirmação.

Quem sou eu

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Jornalista, formado em Comunicação Social e pós-graduado em Jornalismo e Mídia.Atual Editor do Site Rondonoticias. Escreve a Coluna Esportiva "Na Marca da Cal" no mesmo site e é membro fundador e ativista da Academia Rondoniense de Poetas - ACARP.